A personagem Aracy de Carvalho ganhou destaque no Brasil após ter sido interpretada pela atriz Sophie Charlotte na novela “Passaporte para a Liberdade” exibida pela Rede Globo de Televisão.  Em atividade na Biblioteca Prefeito Prestes Maia, foi a vez da beneficiária do Instituto Olga Kos, Márcia de Castro de Sá, impactar os demais participantes com a contação desta história marcante e controversa, apesar de ter sido homenageada por Israel (que concede o título de “Justos entre as Nações” a não judeus que se arriscaram para salvar judeus da perseguição pelo regime de Adolf Hitler) ainda há muita contestação em torno do renome adquirido por esta figura histórica que também foi casada com João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores da literatura brasileira, que na época era cônsul-adjunto em Hamburgo, na Alemanha.

Com toda propriedade, Márcia compartilhou a vida de Aracy de Carvalho a partir do grande feito que lhe concedeu notoriedade e status de heroína até a contemporaneidade: trabalhar no consulado alemão (em Hamburgo) e otimizar a emissão de passaportes para judeus que, naquela ocasião, viviam todas as dores e opressões causadas pela Segunda Guerra Mundial.

Por que esta história?

Tudo começou quando as instrutoras da oficina “Cantos, Contos e Inclusão” propuseram que cada um dos participantes trouxesse um objeto importante para si e, a partir dele, contasse uma história.  A escolha era livre e muitas histórias surgiram, de maneira espontânea, entre músicas e contos. Neste contexto, Márcia escolheu o tablet como objeto significativo e narrou a experiência de navegar na internet e descobrir a personagem Aracy de Carvalho.  A contação estava tão enriquecida pelos detalhes que era possível “ver” a Alemanha de 1935, bem como “sentir” a mistura de dor e esperança vivida pelo povo judeu. Este evento foi um êxito para o projeto que visa desenvolver a autonomia e a liberdade dos participantes (pessoas com deficiência ou em situação de vulnerabilidade). “Música tem tudo a ver com história”, dispara Márcia Castro de Sá. Ela, que impressiona a todos com sua voz em outras propostas do IOK nas quais interpreta variadas canções, nesta edição da oficina “Cantos, Contos e Inclusão” revelou outra habilidade em consonância com o dom de cantar: contar histórias.

Para Carolina Araújo do Nascimento, instrutora de teatro, “uma das coisas mais potentes é a união de duas ou mais linguagens artísticas, pois é uma ferramenta que incentiva a criatividade e possibilita o protagonismo dos participantes quando trazem histórias e exercem a sua liberdade de expressão.”

Já a instrutora de música, Rita Maria, acrescentou o seguinte: “neste projeto tentamos achar caminhos para incluir a música na contação. O participante encontra na busca da narrativa pessoal, liberdade por fazer, por poder se expressar, não necessariamente, ou somente através da palavra, mas também por meio do som; e assim cria outras formas de ser compreendido naquilo que está trazendo, temos experimentando várias formas”, conclui.

Saiba mais sobre o projeto ‘Contos, Cantos e Inclusão’ do Instituo Olga Kos

A escolha de jogos teatrais e experiências musicais com instrumentos de canto/voz permite a adaptação metodológica para qualquer singularidade que os participantes possuam. Além disso, exercícios teatrais permitem o contato inicial com a linguagem teatral porque a maioria dos participantes talvez nunca tenha tido contato com o teatro. Exercícios de expressão corporal e vocal com os participantes parecem pertinentes ao propor situações que proporcionam o contato com o lúdico, o poético e o estético do fazer teatral de maneira mais suave. O teatro toca profundamente tanto quem atua, como quem assiste, sem limites de gênero, etnia ou idade. Assim, mobiliza inúmeras aptidões e competências de forma lúdica e natural.

O objetivo deste projeto é a produção de espetáculo com cenas e músicas criadas em oficinas para pessoas com/sem deficiência e em vulnerabilidade social. O espetáculo será produzido por meio de oficinas de teatro e música nas quais os participantes poderão trazer relatos próprios, causos, contos, histórias conhecidas, fatos históricos ou outras narrativas que queiram encenar e/ou cantar.

Saiba mais: https://institutoolgakos.org.br/projeto/contos-cantos-inclusao/

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